Nos últimos anos, tem crescido uma onda de descrédito em relação ao SCRUM. Muitas empresas e profissionais questionam sua eficiência, apontando suas limitações e dificuldades na aplicação prática.
Contudo, a realidade é que a maioria das empresas ainda está longe de possuir uma cultura verdadeiramente ágil.
E é exatamente nesse contexto que o SCRUM pode continuar sendo um ponto de partida valioso para evolução das práticas, processos, valores e das pessoas que compõem a dinâmica do desenvolvimento e sustentação de produtos digitais.
A onda de críticas ao SCRUM
Muitos argumentam que o SCRUM se tornou um modelo engessado e burocrático, limitando a agilidade que deveria promover.
Algumas empresas adotam a metodologia de forma dogmática, ignorando as particularidades do seu próprio ambiente e equipe.
O excesso de rituais e a rigidez na definição de papéis também são criticados, especialmente em empresas que possuem times menores e precisam de mais flexibilidade.
Outros pontos de crítica envolvem a comercialização excessiva do framework, com treinamentos e certificações que muitas vezes geram mais profissionais “certificados” do que efetivamente preparados para lidar com os desafios do mundo real.
Também é comum ver empresas adotando o SCRUM de forma superficial, apenas para cumprir uma exigência de mercado, sem realmente abraçar a mentalidade ágil.
A realidade das empresas e a necessidade de evolução
Apesar dessas críticas, a realidade é que a maioria das empresas ainda não tem processos bem definidos para desenvolvimento e sustentação de produtos digitais.
Muitas operam em modelos extremamente tradicionais, com pouca transparência, colaboração ineficaz entre times e uma cultura de comando e controle.
Nessas situações, qualquer framework que introduza melhorias na organização do trabalho, na definição de prioridades e na entrega de valor vai trazer benefícios.
Mais do que uma metodologia, a adoção de práticas ágeis deve ser vista como uma jornada de aprendizado e aprimoramento contínuo. Não basta adotar SCRUM e acreditar que isso, por si só, transformará a empresa.
É fundamental que haja uma evolução nas práticas, processos, valores e, principalmente, nas pessoas envolvidas no desenvolvimento dos produtos.
SCRUM como um primeiro passo para a agilidade
Apesar das suas “limitações”, o SCRUM pode funcionar como uma excelente “isca” para iniciar essa evolução. Ele é um framework didático, com papéis bem definidos, rituais claros e artefatos estruturados.
Isso facilita sua compreensão e implementação inicial, permitindo que times que nunca tiveram contato com agilidade possam experimentar os benefícios de ciclos curtos de entrega, inspeção e adaptação.
O ponto chave aqui é enxergar o SCRUM como um degrau, não como um destino final. Uma vez que o time e a empresa amadurecem na adoção de práticas ágeis, é natural que busquem adaptações no framework para torná-lo mais adequado à sua realidade.
Algumas empresas mantêm o ciclo de sprints, mas flexibilizam os papéis; outras migram para abordagens mais fluídas, como Kanban ou modelos baseados em fluxo contínuo. O importante é que a mudança não seja abrupta, mas sim um processo evolutivo e adaptativo.
Conclusão: ainda vale a pena estudar e implementar SCRUM?
A resposta é sim, mas com ressalvas. Para empresas que ainda não possuem uma cultura ágil consolidada, o SCRUM pode ser um excelente ponto de partida, pois oferece estrutura e clareza para iniciar essa jornada.
No entanto, é fundamental que ele não seja encarado como uma solução definitiva, mas sim como um meio para um fim maior: a evolução contínua na forma como os produtos digitais são desenvolvidos e sustentados.
A maturidade ágil de uma empresa não se mede apenas pela adoção de um framework, mas sim pela capacidade de seus times de entregar valor de forma eficiente, colaborativa e adaptativa.
Se o SCRUM ajudar nesse caminho, é uma ferramenta válida. Se, em algum momento, for necessário adaptá-lo ou substituí-lo por algo mais aderente à realidade da empresa, isso também faz parte do processo de aprendizado e evolução.
Portanto, antes de descartar o SCRUM, é importante avaliar o contexto da sua empresa e entender que a verdadeira transformação ágil vai muito além de qualquer metodologia ou framework. A agilidade está na cultura, nas práticas e, acima de tudo, nas pessoas que fazem parte dessa jornada.