Moisés falcão
Cérebro em Economia: Símbolos Visuais e Inovação
Nosso cérebro, mestre da eficiência, busca atalhos sempre que possível.
Ao desenhar, ele cria símbolos visuais para economizar energia. Uma árvore se torna um triângulo com galhos, um rosto se resume a círculos e linhas.
Essa economia, porém, pode ter um preço: a falta de observação profunda, crucial para a percepção dos detalhes por trás dos símbolos genéricos.
Ao desenharmos, nosso cérebro busca formas familiares para representar objetos e conceitos. Essa estratégia economiza energia mental, mas também limita a percepção. O triângulo-árvore não captura a textura da casca, o verde das folhas, e as raízes com suas formas orgânicas.
A inovação exige olhar além do óbvio, enxergar nuances e detalhes que a maioria ignora. Sem a observação profunda, corremos o risco de criar soluções superficiais, baseadas em símbolos e atalhos, e não em necessidades reais.
O livro "Desenhando com o Lado Direito do Cérebro", de Betty Edwards, é um guia essencial para desvendar a relação entre desenho e criatividade. A autora argumenta que o hemisfério direito do cérebro, responsável pela intuição e pela visão espacial, é fundamental para o processo criativo.
Através de exercícios práticos, Edwards ensina como acessar e utilizar o potencial do lado direito do cérebro para aprimorar as habilidades de desenho e, consequentemente, a capacidade de inovar.
Um desses exercícios é desenhar uma bola de papel. Como não temos símbolos na nossa mente para representar uma bola de papel, ao observar essa bola a tendência é de desenhar exatamente o que está sendo observado.
Outros exercícios como desenhar uma mancha de café em uma mesa, ou uma foto de cabeça para baixo reforçam mais ainda a interferência que os símbolos causam em nossa percepção e consequentemente em nossa representação nos desenhos.
A falta de observação profunda leva à criação de estruturas pré-fabricadas (assim como os símbolos para a prática de desenho), como departamentos de marketing, comercial ou tecnologia ...
Estruturas copiadas de outras empresas, sem uma análise profunda das necessidades, podem ser ineficientes e até mesmo prejudiciais.
A verdadeira inovação surge da observação profunda do mercado, do cotidiano dos clientes e suas necessidades, da concorrência e dos próprios processos da empresa.
O desenho torna as informações mais tangíveis e facilita a identificação de pontos de melhoria.
Através do desenho, podemos testar e visualizar diversas soluções para um mesmo problema.
O desenho é uma linguagem universal que facilita a comunicação e o alinhamento entre as equipes.